Pardal sonhou que eu era um pardal.
Ouvíamos Cat Power na varanda.
Ouvíamos Cat Power na varanda.
Eu dançava feito tolo e cantava errado,
enquanto ela permanecia na rede,
fazendo bolhas de sabão e sorrindo.
As paredes da minha casa
eram lilases, o chão, azul claro – ela
gostava dessas cores, então era assim.
Pardal piou, é sonho bom.
Pardal é o pássaro que eu queria ser.
Quem é que cria pardal em gaiola?
Quem é ela? Há tantas cores e sonhos
e flores. Acordado eu queria abraçá-la
sempre que a via sorrir, indiferente;
em sonho eu dançava, ela, na rede.
Pardal piou, é sonho bom.