PLAZA DE MAYO

Em um banco na Plaza de Mayo, no inverno de Buenos Aires, recostei-me, deixei que a cabeça caísse para trás, fechei os olhos, senti as pálpebras geladas, o tempo desacelerou. Naqueles minutos, enquanto o casal de namorados que me acompanhava tiravam fotos em frente à Casa Rosada, despertei-me dos meus medos, de forma tal que parecia ser necessária aquela viagem para o que senti ali naquele banco vir à tona. Vi, então, em minha mente, as imagens dos amores imperfeitos desmancharem-se aos poucos, como poeira. Vi Marcelle, com todo o seu fogo, derreter, como se fosse gelo, vítima de si mesma. Sophia, tão doce e amável, como era seu rosto? Antes de sumir já não me lembrava mais. Inês, pobre Inês, por quem mais sofri, desapareceu com desgosto, não merecia tanto, sei dos meus erros, o fato é que se desfez em poeira. O frio me acalmava, não sabia do tempo, não ouvia nada, as pálpebras estavam pesadas, apenas sentia um cheiro doce, cheiro de vida, cheiro colorido. Acordei assustado, a praça estava repleta de turistas, moradores, pássaros. O que sentia era alegria, as três não passavam de lembranças remotas, sequer me lembrava de seus rostos. Buenos Aires estava linda, a Plaza de Mayo era a minha casa, e aqueles velhos amores haviam ficado no banco, entre o milho que deixei para os pássaros.

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Bacharel em direito pela Universidade Estadual de Montes Claros (UNIMONTES) - MG. "Um sujeito preguiçoso e frio, algo quimérico, ravoável no fundo, que malandramente construiu para si próprio uma felicidade medíocre e sólida feita de inércia e que ele justifica de quando em vez mediante reflexões elevadas. Não é isso que sou?" A Idade da Razão - Jean-Paul Sartre.

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