II
Lembro-me do sonho da noite passada, um haraquiri. Busco no dicionário seu significado para ter certeza de que foi o que eu realmente sonhei: modalidade japonesa de suicídio, em que se rasga o ventre a sabre. É, foi isso. Com Jung sistematizei minha criatividade, hoje em sonhos encontro inspiração para tentar superar meu fracasso como literato, dá a volta por cima – me valho agora de recurso que abomino: o lugar-comum, e prolongo a minha estadia na subliteratura. Enquanto penso isso entro em meu apartamento; Chamo-o de “minha gaiola” que é com o que se parece, limitado a um quarto, um banheiro, sala conjugada com cozinha, área de serviço e uma pequena varanda com uma mureta de menos de um metro, a que evito absolutamente. Guardo as compras; Coloco o pacote de folhas A4 sobre a mesa, e as cinquenta gramas de maconha na geladeira. Olho ao meu redor, a mudança ainda encaixotada, para fora apenas o pouco que preciso para passar o mês “essa ideia maluca se dissipará logo”, mantenho a esperança, reluto em aceitar a mudança como definitiva. Enxáguo o rosto com insistência; Que ideia maluca; Vejo que não retirei a toalha da mala, seco o rosto nas mangas da camiseta. Controlo o furor, busco em cada palavra e gesto o método; A forma perfeita, a razão; Controlo a febre.

PILOTO

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Bacharel em direito pela Universidade Estadual de Montes Claros (UNIMONTES) - MG. "Um sujeito preguiçoso e frio, algo quimérico, ravoável no fundo, que malandramente construiu para si próprio uma felicidade medíocre e sólida feita de inércia e que ele justifica de quando em vez mediante reflexões elevadas. Não é isso que sou?" A Idade da Razão - Jean-Paul Sartre.

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